terça-feira, 26 de julho de 2011


A solidão do sabiá

Pássaro que de tão ferido
Viu teu amor sair do ninho
E sucumbido pelo medo terrível do doer
Parou! Imóvel ficou

Triste
Machucado
Sozinho...

Era pássaro trancafiado
Hoje libertado chora
Por ter confundido o amor e prisão

O canto calou
As asas não bateram
E ficou na espera
Do que agora pertence a outro coração

Mas o vento tocará tuas penas
E as asas quererão voar
E teu canto, que é tão lindo
lutará
É a vida a ti querendo retornar

Gabriele Sampaio

sábado, 16 de julho de 2011

Poemando

Aos olhos de meu leão


Eu, que era fragilidade,

Por meio da falsa ausência de dor,

No devaneio da liberdade me deixei levar

Descobri-me nos domínios de um leão

E tomada pela coragem

Entreguei-me ao perigo de meu predador

E os seus olhos eram enigmas aos meus

Se frios, devorar-me-iam

Se tristes, devorar-me-iam

Se assustados, roubaria de mim o significado

E tentando defender-me de si

Mostrou o perigo de seu narcisismo de felino rei

E o que vi foi um ser movido por dor

E em mim também doía

E não importava o quanto doeria

Se fosse para saciar tua fome

Eu seria o alimento de sua alegria

E o amor do leão me devorou

Gabriele Sampaio